terça-feira, 19 de maio de 2015

A coisa certa

Felipão entrega o cargo no Grêmio

Treinador e direção mostraram decência mesmo com a falta de sintonia. Sem maiores alardes, debates ou desgastes, ambos concluíram que o momento do técnico sair havia chegado mesmo. Scolari não precisava mais disso... o clube não precisava passar por isso... a torcida não queria isso... uma história de glórias no passado não merecia isso. Como registrado aqui no texto de segunda-feira, tínhamos certeza que o melhor caminho seria esse, justamente o que foi tomado.
Antes de falar de presente e futuro, vamos comentar um pouco o passado. Felipão desembarcou em Porto Alegre sem maiores especulações. Em uma conversa breve com o amigo e então presidente Fábio Koff, retornou com "status" de ídolo. Uma volta linda, digna de "pop star" com festa e todas as pompas possíveis.
 
 
Chegada em 2014
 
Scolari escolheu o Grêmio porque queria paz... eis o seu maior erro! O treinador precisava de férias naquele momento, não de trabalho. No máximo uma reciclagem. Ao buscar ocupação para  a cabeça no único lugar do mundo onde seria recebido com tamanha alegria e de braços abertos depois do maior fiasco (protagonizado por ele próprio) da história de nosso futebol (quem sabe a maior do mundo em todos os tempos), usou seu prestígio num momento infeliz, de maneira totalmente errada. De cara, derrota em Gre-Nal, depois uma ascensão muito boa com a retomada do esquema de E. Moreira, seu antecessor. Veio o troco no clássico dentro dentro da Arena e uma felicidade momentânea entre os gremistas. Na sequencia aconteceu a indigesta eliminação pela Copa do Brasil, a perda da vaga para a Libertadores pelo Brasileirão. Um sentimento de derrota amargo no fim daquele ano, missão "parcialmente" cumprida.
Com um projeto de contenção de despesas, os resultados obviamente não vinham! Derrotas improváveis no Gauchão deixavam tudo mais complicado. Scolari partiu para a defensiva "atacando". Tirou o "corpo fora" várias vezes, saiu de campo antes do término de uma partida, criticou aberta e publicamente jovens valores da base, exigia contratações e, acima de tudo, não parecia em sintonia plena com a diretoria neste projeto de colocar as contas em ordem. Citou isso (o projeto de Bolzan) nas entrelinhas em sua despedida, inclusive.
 
 
Não adiantava insistir mais, se disse em débito com o clube e, em especial, com seu amigo Fábio Koff
 
Perder o título estadual para o Inter foi o fim, com o tiro de misericórdia no início medonho deste campeonato nacional.

O Grêmio errou ao trazê-lo?

 
Claro que não! Apesar de tudo, estamos falando de um profissional gabaritado, campeão mundial de seleções, bicampeão da Libertadores, dono de vários títulos de grande expressão nacional, renomado no mercado europeu... de repente seja ainda o profissional brasileiro desta área com maior reconhecimento lá fora.
O momento que era impróprio! Mas dirigentes são quase "comerciantes", vivem das oportunidades que o mercado oferece. Foi uma tentativa válida que simplesmente não deu certo.
Melhor para todos... termina assim o último ciclo de Scolari no clube que lhe projetou internacionalmente depois de um título de Copa do Brasil improvável lá no Criciúma, justamente em cima do Grêmio.

E agora?
 
O clube trabalha com a possibilidade de trazer C. Borges, ex-Fluminense. Sereno, trabalhador e comedido, sabe administrar como poucos coletivas de imprensa. Vai fazer bem para imprensa gaúcha mais um técnico na dupla Gre-Nal que não cai em polêmicas para vender jornal. Tem experiência, maturidade... "pode dar certo"! Creio que economicamente é viável, atende uma ideia inicial de redução de custos da entidade e vem de uma escola de futebol diferente - um verdadeiro "fato novo"!

 
Ex-treinador do Fluminense é o favorito e já atuou como jogador pelo Tricolor
 
Porém, precisamos relativizar... vejo que no futuro temos aí um "certo problema". Em sua última passagem nas Laranjeiras, quando precisou trabalhar com um elenco recheado de garotos, não foi bem. Após o fim da parceria entre Fluminense e Unimed, apenas alguns medalhões ficaram. Vários jovens foram incorporados ao elenco principal e o treinador não deu conta desta mesclagem. Lembro aqui que o Grêmio está fazendo isso também, ou tentando fazer. Quando tinha em mãos todo plantel recheado de jogadores renomados no ano passado, ficou longe do G-4 e não emplacou na Copa do Brasil, logo, não deixou muitas saudades na torcida pó-de-arroz.
Em compensação, ele faz parte de uma geração nova de técnicos. Promissor e respeitado no meio, chega com ideias diferentes, mais atuais, um conceito de futebol moderno!
Sozinho, C. Borges ou qualquer outro treinador não vai fazer milagre. A blindagem de seu vestiário deve acompanhar a chegada de pelo menos dois reforços, atletas que cheguem para jogar, resolver. Não existe solução mágica, mas um "fato novo" tanto falado era tudo que precisava acontecer para ajudar o Grêmio neste momento e baixar um pouco essa poeira levantada em seguidos insucessos.

Saudações Coloradas
 
Imagens: Portal Gremista - Sangue Azul, Esporte Interativo e Lancenet.

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