segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Balde de água fria

Derrotas frustram pretensões gaúchas na rodada

Aeroporto repleto de Colorados no embarque da delegação para Minas Gerais. Arena praticamente lotada de Tricolores para o embate diante o São Paulo. Deu tudo errado! Inter e Grêmio perderam seus jogos e ficaram imediatamente distantes de seus objetivos.
A expectativa era grande. O Grêmio poderia assumir a terceira colocação, já o Inter tinha a chance de diminuir a diferença cruzeirense para três pontos. No fim das contas, o Grêmio se manteve fora da zona de classificação da Libertadores assistindo o Corinthians chegar, enquanto o líder abriu para nove pontos sua vantagem em relação o Internacional.
 
Fator local não fez a diferença
 
Uma grande injustiça de parte considerável da crítica diz respeito aos treinadores Felipão e Abel. Acusados de se “acovardarem” no último sábado, alguns cronistas responsabilizaram os técnicos pelas derrotas. A meu ver eles fizeram o que deviam fazer! Scolari repetiu o time do último jogo com um esquema que garantiu para sua equipe a retomada por resultados importantes. Abelão surpreendeu de forma dupla. Primeiro por ter adotado uma postura mais cautelosa e segundo por ter promovido um garoto entre os titulares, duas escolhas que fogem às suas características. Felipão foi coerente e responsável. Não inventou nada lançando a campo aquilo que vinha fazendo. Abel respeitou o líder, arriscando duas linhas atrás da bola (cinco no meio e quatro na defesa) para vencer em um contra-ataque.

Porque deu errado?
 
Bom, tanto São Paulo quanto Cruzeiro tem jogadores de qualidade que desequilibram. Então não se pode tirar os méritos dos caras. Depois disso, houve falhas individuais e coletivas que comprometeram os times do RS.
 
Treinador Colorado precisa manter o foco do grupo para não prejudicar o projeto "Libertadores 2015"
 
Na Arena, o Tricolor perdeu reiteradas oportunidades entregues por erros do adversário, principalmente na primeira etapa. Sofreu muito por causa da arbitragem também. O pênalti foi bem marcado, mas os lances pequenos, aqueles que irritam os jogadores, os homens do apito teimavam em prejudicar o Grêmio. Felipão foi expulso de campo e os atletas se descontrolavam tamanho inconformismo com o que assistiam sem nada poder fazer. Aquele impedimento marcado no recuo são-paulino foi o ápice da irresponsabilidade destes homens. Logo, faltou tranquilidade, faltou maturidade aos gremistas. Mais do que isso, faltou triangulações meio de ataque e ofensividade lateral para gerar o volume de área que Barcos tanto precisa para concluir a gol.
 
R. Ceni protagonizou em dia que Pato e Ganso foram muito bem

Em Minas Gerais, o estádio jogou junto! O fator local pesou, mas a grande “cagad...” foi de Aránguiz. O chileno quis sair jogando na frente da área e entregou o ouro pro bandido logo no começo. Um erro crucial que colocou todo o planejamento a perder! Aliás, desde que retornou de contusão não vem jogando mais nada. A coisa desandou e o segundo tento foi questão de tempo. Na segunda etapa o time se safou do terceiro em pênalti mal batido pelos donos da casa. Falta sorte ao Inter (ou seria o Cruzeiro com sorte de campeão?) também. Antes disso, em jogada ensaiada, D’Alessandro (que pouco jogou, estava muito bem marcado) acertou a trave. A bola voltou, bateu nas costas do goleiro e não entrou. Alex que entrara no intervalo aproveitou o “relaxamento” pelo meio (acusado pelo técnico Marcelo como perigo em entrevista ao pé do túnel), para diminuir. Então o time celeste tomou conta da partida novamente, compactou e, acima de tudo, retomou a concentração. Ficou o Cruzeiro mais perto do terceiro do que o Inter de empatar.
 
Marcelo Oliveira é o principal pilar deste time que caminha rumo ao bicampeonato
 
Do lado azul, caiu a invencibilidade de M. Grohe. A torcida não parece ter sentido o golpe até porque nada está perdido, apenas adiado. No lado vermelho, Valdívia perdeu a grande oportunidade que recebeu na temporada. Jovem que é, foi escolhido porque Alex e D’Alessandro juntos não teriam a recomposição necessária na linha de cinco. O Inter trabalhou forte pelo lado direito, justamente em cima da maior carência cruzeirense que, inteligentemente, fechou por ali com o volante adiantando um meia nas costas do lateral Colorado. O título deixou de ser realidade para se tornar sonho.
O Grêmio tem dois compromissos na sequencia que merecem atenção. O Sport, mesmo fora de casa é perigoso! Eles vem sendo o ponto de equilíbrio da competição. Os pernambucanos são aqueles adversários de meio de tabela descompromissados que tomam pontos dos líderes. Depois, o time pega o desesperado Palmeiras, um gigante do nosso futebol que luta contra o rebaixamento. Já o Inter encara a encardida Chapecoense no Oeste catarinense. Complicado jogar lá! Depois vem para uma partida de seis pontos contra o Fluminense no Beira-Rio. Ambos precisam somar, ao menos, quatro pontos para se manter bem na luta por vaga na Libertadores.

Saudações Coloradas
 
Fotos: Globo.com

2 comentários:

  1. Rafael,

    Os resultados foram decepcionantes, mas não foram surpresa. Já discutíamos aqui sobre o mau desempenho do Inter diante de equipes fortes, principalmente fora de casa.
    Com relação ao Grêmio, já vimos vários jogos em que a equipe venceu com dificuldades na Arena.
    O jogo diante do São Paulo foi um pouco parecido com aqueles dois jogos diante do Santos.
    Luis Felipe não conseguiu dar ainda um padrão ofensivo porque simplesmente não tem opções no meio de campo. Giuliano parece um prego emperrado e Luan sempre decepciona quando a torcida espera um pouco mais dele na armação.
    Se o esquema com três volantes continuar, não creio que a melhor opção é o jovem Luan no meio campo. Ele não tem essa característica. Resta torcer para a recuperação de Giuliano e dar maiores chances ao Alan Ruiz na sequência do campeonato.
    No mais, creio que a dupla briga pela vaga até o final, mas não será surpresa se os dois gaúchos estiverem fora da Libertadores ano que vem.
    Tirando os goleiros, a dupla vai ter que ir ao mercado buscar peças de reposição, jogadores que venham para disputar a titularidade, um para cada posição. Do contrário vamos ser meros expectadores dos mineiros, paulistas e cariocas, que dominam o futebol brasileiro.
    Souza do São Paulo foi convocado para a seleção. Começo a ter dúvidas se a troca por Rodolfo, foi mesmo um bom negócio.
    Marcelo Moreno, do Grêmio, artilheiro do Brasileirão.
    O Cruzeiro se dá o luxo de ter o zagueiro Leo no banco de reservas.
    Vale lembrar que Léo foi cedido pelo Grêmio ao Palmeiras, com o objetivo de saldar uma dívida que já faz uma década.
    Hoje, embora tenha a melhor defesa do campeonato, só temos quebradores de bola na defesa, assim como meros marcadores como cabeças de área.
    No ataque, ainda falta mais um centroavante como opção, quando o Barcos está bem marcado e isolado no ataque.
    São essas coisas que fazem um clube ficar mais de doze anos sem erguer uma taça.

    ResponderExcluir
  2. Fjc... quanto ao Luan faço minhas reservas, mas não tiro sua razão. O fato de ser jovem, recém promovido, não justifica. Ele tem de assumir a responsabilidade e estar pronto para jogar com pressão de time grande. Mesmo assim, tem qualidade de sobra e merece mais paciência do torcedor. Acho que o Giuliano não resolverá essa lacuna porque este é um carregador de bola, diferente do garoto Luan. O A. Ruiz realmente ia bem, mas vem de contusão. A cobrança deve ser relativizada. O time melhorou muito com F. Bastos porque é um volante de bom passe. A questão é, abdicar um volante para jogar com Giuliano e Luan (aí F. Bastos não teria o poder de marcar com apenas mais um cabeça-de-área) ou avançar a marcação como nos tempos da Libertadores? Acho a segunda opção válida, mais confiável. Quanto ao Barcos, você pode não aceitar o que vou dizer, mas é INFINITAMENTE melhor que o M. Moreno. Com o volume de bola na área dos mineiros, o centroavante argentino seria artilheiro disparado na competição, uns 10 ou 12 gols a mais que o boliviano tem hoje. Zé Roberto e Pará são limitados na armação pelos flancos. Um porque a idade bateu e o outro porque tem liberdade para jogar (cobertura), mas não está conseguindo chegar ao fundo. As gratas surpresas são P. Geromel e, é claro, M. Grohe. Rodriguinho perdeu espaço e foi cedido, não seria ele melhor e mais equilibrado que Dudu? A velocidade de Dudu é única no elenco, pena não estar recebendo a bola com a profundidade que precisa!

    ResponderExcluir