Necessário e espetacular
O Inter precisava vencer o Fluminense em casa depois do vexame da última rodada diante o maior dérbi do país. E venceu. No outro dia, o time do Grêmio mediu forças com a melhor equipe do campeonato longe da Arena e voltou para Porto Alegre com três pontos.
A torcida Colorada acompanhou atentamente todo o desdobramento deste fatídico episódio pós 5x0. Humilhado, alguns até revoltados estavam ansiosos para ver o comportamento de um dos elencos apontados pela crônica como dos mais qualificados no Brasil que acabou sucumbindo em seus projetos mais importantes da temporada em menos de um mês.
Vitória providencial
Mas o Inter não jogou bem. Com o perdão da palavra, o time entrou em campo “todo cagado”. Não faltou disposição, mas era visível que o Fluminense venceria o jogo na hora que quisesse. Depois de um primeiro tempo horrível de lado a lado, o time carioca cometeu seu segundo erro, agora em caráter individual. Se coletivamente a equipe não fez a pressão necessária para a bola queimar ainda mais nos pés dos jogadores do Internacional, no início da segunda etapa Marcos Junior deu “uma força” providencial. A expulsão juvenil do atleta mudou o panorama do confronto.
Alex até tentou devolver a vantagem para o time visitante. Sobrou vontade e sorte, faltou experiência. Devia ser expulso naquela entrada criminosa em Pierre. Beneficiado pela omissão da arbitragem, o Colorado tomou confiança, pressionou e fez valer a estigma de que time grande você mata quando pode. O Fluminense não o fez quando pôde (por preguiça) e perdeu a chance de somar três pontos em Porto Alegre.
Inter respira dentro de crise
Valeu pelo empenho, pela entrega, pelo gol esquisito que nem devia ter entrado. O Inter tem assim um saldo de oxigênio para respirar um pouco. Nada apaga a frustração do seu torcedor, a corneta incessante do rival e a crítica ferrenha da imprensa. Mas assegura um gás ao trabalho que foi colocado em dúvida após tudo que aconteceu. A primeira medida “exigindo” uma preparação física mais intensa defendida pela direção, é o alicerce da retomada pelo auto-respeito. Agora é esperar para ver se estavam certos.
Um baita resultado acompanhado da atuação mais surpreendente da temporada pelo lado Tricolor! Mais que no clássico? Sim mais do que no Gre-Nal. Isso porque no Gre-Nal só ele, o Grêmio, jogou. Contra o Galo os comandados de Roger deram um verdadeiro show em organização e aplicação tática contra um adversário duríssimo.
Giuliano e Douglas, afinidade de encher os olhos
Giuliano é diferenciado. Fez ele uma das melhores partidas individuais no ano. O que dizer de Douglas então? Queimando literalmente a minha língua, o meio-campista foi o maestro que arquitetou a vitória. Se apresentando, aparecendo para o jogo, foi mais do que foi tem muito tempo. O goleiro M. Grohe foi fundamental! Seguro, confiante e pronto para defender as cores do clube, tira nesta atuação muito da desconfiança que pairava sobre ele.
Entretanto, registre-se que o merecimento é do grupo. Roger é o engenheiro desta maquete antes formulada pra não cair, que depois fez sonhar por um G-4 e agora, e porque não, passa a creditar o time para brigar pelo título! O tamanho do Grêmio, um dos mais tradicionais deste país, não nos permite fazer um comparativo desproporcional como se fosse algo épico. Contudo, o CA Mineiro é o maior aspirante ao caneco. Derrotá-lo em Minas, com tamanha imposição (até porque o Galo jogou muito, não foi uma derrota por omissão), merece sim o adjetivo “espetacular”.
Cada vez mais sólido
Agora é a vez do Inter viajar para Minas, mas o adversário é o Cruzeiro. Surrado pelo candidato ao descenso Joinville, a raposa precisa dar uma resposta ao seu torcedor dentro de sua casa, enquanto o Colorado não pode perder neste momento sob pena de “aguçar com uma faísca” esse “poço de gasolina pronto para explodir” que virou o Beira-Rio.
Na Arena, o Grêmio recebe o mesmo Joinville que derrotou o Cruzeiro. Em ascensão, os catarinenses acumulam bons resultados em sequencia. Alcançar um empate na capital gaúcha é tudo que PC Gusmão quer. Mas a fase do Grêmio, os pés no chão de Roger (que disse “alegria e calma” ontem na coletiva de maneira brilhante) e o entendimento do grupo que é sim possível chegar lá, possivelmente vão garantir mais três pontos e calar ainda mais a boca (inclusive a minha) de quem pretendeu dizer que este time se resumiria a lutar contra eventual rebaixamento.
Pitacos:
- Argel, ex-zagueiro Colorado, é o novo comandante do Inter;
- Ruim para os dois, só resta torcer;
- Não foi bom para Argel porque (apesar da direção ter recuado no que diz respeito ao contrato) dificilmente terá a sequencia que Roger teve no Grêmio;
- A idéia era um treinador “tampão” até o fim deste ano;
- Para o Inter, o momento era de um treinador casca-grossa, rodado e pronto para suportar essa pressão. Isso porque qualquer derrota vai criar um clima extremamente desfavorável;
- Tomara queime minha língua e, assim como aconteceu no Tricolor, um técnico jovem, emergente, ex-jogador e identificado pela torcida, encontre a sintonia do time;
- Alisson foi convocado para a seleção merecidamente;
- Do mesmo jeito como em outrora M. Grohe também foi;
- Assim a escola de bons goleiros do futebol gaúcho segue em alta.
Saudações Coloradas
Imagens: Correio do Povo, LanceNet e ClicRBS.




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