sexta-feira, 7 de agosto de 2015

A queda de Aguirre

Treinador Colorado é demitido vésperas do Gre-Nal

O uruguaio Diego Aguirre termina seu primeiro ciclo no Internacional como treinador com o título estadual, uma semifinal de Libertadores e a décima colocação no Campeonato Brasileiro em dezesseis rodadas disputadas.
Depois de Tite acertar com o Corinthians no início da temporada, Abel não aceitou ser a segunda opção da nova direção e os dirigentes saíram em busca de um novo nome no mercado. Muitos foram contatados, inclusive Luxemburgo, então técnico do Flamengo, que rechaçou o convite. Apalavrado com o Peñarol, Diego Aguirre voltou atrás e fechou com o Colorado. Algo feito em cima da hora sem maiores planejamentos! Nem plano “A”, nem plano “B”, aquilo que foi possível. Um tom de desconfiança sobre o futuro do time sob seu comando pairava no ar.
Logo no início o primeiro problema... após uma pré-temporada inteira com três volantes no time titular, Willians foi negociado com o Cruzeiro antes mesmo da temporada regular começar. Aguirre sofreu até encontrar um time ideal depois disso. Inventou muito e não agradava ninguém. As contratações que chegaram para resolver não resolviam, dando espaços para garotos que ganhavam destaque na equipe.

Jovens valores entre os titulares, a marca do treinador

Depois de um empate com o Emelec longe do Beira-Rio com um homem a mais, todos achavam que chegava ao fim a passagem dele pelo clube. A direção bancou e, mantido no cargo, o time foi evoluindo. Lembro de Aguirre pedir trinta dias para deixar o Inter como ele queria. Dentro deste prazo o Colorado passou a vencer “convencendo”.
Na verdade, “resultado” não foi problema para o treinador no início dos trabalhos. O torcedor e a crônica questionavam a falta de “encaixe”, vitórias convincentes. Ele “inventava muito”, aplicou um tal “rodízio de jogadores” e contradizia algumas máximas enraizadas na cultura do nosso futebol. Com o elenco recheado de nomes de peso, garotos voando em campo, ninguém ficava de fora. Todo mundo pintava hora menos hora. 
A crítica JAMAIS aliviou, mas o torcedor fechou com Aguirre. Embates importantes na reta final da primeira fase combinado com resultados de outras chaves garantiram ao Internacional de maneira improvável a melhor campanha dentre os brasileiros, terceira no geral. O título regional em cima do rival dava ainda mais forças a esse novo método, esse novo entendimento.

Técnico caiu no gosto do torcedor Colorado, nunca da crônica

Aí vieram as lesões. A parada para a Copa América e uma aposta muito alta do técnico uruguaio. Que aposta foi essa? Acreditando na recuperação de seus comandados, trabalhou no Brasileirão com todo mundo. Revezou em todos os sentidos, segurando titulares para evitar novas lesões. A falta de resultados colocou em dúvida seu método, mas a classificação para as semifinais da Libertadores garantiam suas convicções.
O campeonato nacional é pesado, pesado demais! Enquanto o torcedor acreditava ter o Inter dois times, a realidade mostrou que não era bem assim. O adversário que se apresentava investia 80 milhões para encarar o Internacional, enquanto Diego Aguirre preparava seu grupo para o primeiro embate de mata-mata que não seria decidido em Porto Alegre. Mas os garotos, aqueles que todo mundo aplaudia e ovacionava, sentiram. Um início arrasador na primeira partida, aquela “blitz” de encher os olhos! 2x0 em poucos minutos e o sonho de chegar na final para lutar pelo Tri da América se tornando realidade. O fim desta história todos nós conhecemos. De repente, o único erro do técnico foi deixar Sasha no banco de reservas na partida do México somado ao fato de que Ernando não assumira a lateral esquerda para fechar em cima de Aquino. 
A coerência derrubou Aguirre. Sim, isso mesmo, a coerência lhe traiu. Inventando, dava certo. Sasha vinha de contusão, Gefferson era atleta de seleção, fez o óbvio e foi eliminado. Para alguns era bruxaria ou sorte. Outros entendiam como sendo algo novo, inovador que o futebol brasileiro tanto precisa. Fico com a segunda teoria.

Uma aposta alta que custou caro

Alguns aspectos importantes merecem atenção. Já falamos das inúmeras contusões entre o segundo jogo contra o Santa Fé e a primeira partida diante o Tigres. Comentamos também que Aguirre foi previsível na escalação do jogo de volta no México. Teve a saída “repentina” de J. Henrique para o Vasco. Atleta que ele pediu permanecesse após proposta do Avaí, mesmo tendo cometido ato de indisciplina. 
Além disso, o Inter não vendia um jogador tem muito tempo. A diretoria anterior, acreditando no título brasileiro em 2014, contrariou sua própria política de lucrar com a transferência de, ao menos, dois nomes por ano. Perdeu o título e a eleição (mesmo obtendo a vaga para a Libertadores). Nesta temporada, a nova gestão investiu mais, muito mais. Aránguiz foi mantido por ambas e, falando nele, todo sacrifício para mantê-lo não surtiu efeitos. Agora atrasos em salários foram exteriorizados.
Tite caiu no paulista em casa para o rival, saiu da Libertadores para um time de pouquíssima expressão, mas o Corinthians lhe manteve no cargo. Recuperado depois de perder algumas peças, figura tranquilamente entre os líderes do campeonato nacional. Levir Culpi tem o melhor time do país, mas não passou pelo Inter na competição continental. Mantido a frente do Galo, é líder do Campeonato Nacional. A direção entende que “um fato novo”, como fez o Grêmio, pode oxigenar as coisas e fazer acontecer.

Especula-se O. de Oliveira como novo comandante Colorado

Diferente do Tricolor, o Inter já tinha um técnico de conceitos novos. Lá, Felipão estava defasado, “culpando” esse e aquele pelos resultados ruins, falando demais da política desta diretoria. Roger era o novo não o “fato novo”. Parece que o Inter vai em busca de um fato novo com o jeito velho de fazer futebol.

Saudações Coloradas

Imagens: Globo.com

2 comentários:

  1. Concordo em tudo com vc Rafael,só questiono as lesões,de resto nunca chegaremos a nenhum lugar trocando dois técnicos por ano!

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  2. Concordo em tudo com vc Rafael,só questiono as lesões,de resto nunca chegaremos a nenhum lugar trocando dois técnicos por ano!

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