quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Pingos nos “i’s”

Preocupação não pode se tornar terra arrasada

Hoje o oportunismo correu frouxo! Tem um mundo de entendido da bola dando pitaco e cornetando. A crítica de Rádio, TV e Internet está transformando um resultado negativo em fim do mundo. Agora aparece “reinventores da roda” justificando o momento preocupante com ideias mirabolantes, sem fundamento. Sobra para todo mundo, direção, comissão técnica e jogadores. Até o torcedor levou a culpa a partir de alguns colunistas. O objetivo do texto é relativizar, contemporizar um pouco a coisa mostrando a realidade dos fatos sob um ponto de vista mais amplo, "tentando” apontar o que realmente merece atenção. A postagem é longa e precisa ser compreendida em começo, meio e fim.
Vamos do início...
Desde o ano passado quando Vitório Píffero acenava vitória no pleito presidencial do Internacional, estamos analisando aqui no Blog tudo aquilo que o associado escolheria para o clube de coração. O resultado nas urnas é soberano e o discurso do candidato (agora presidente) era de mudança. Sua ideia foi aceita pela maioria esmagadora dos sócios. Abel Braga, então treinador, não aceitou essa posição. Na altura da carreira dele não é mais escolhido por um clube. Abel escolhe onde quer trabalhar. Se sentiu desvalorizado e escolheu sair no fim do contrato.

Abel Braga escolheu não ficar por não ser o plano "A" de Píffero

Na verdade, Abel não foi bem em 2014. Demorou muito para encontrar uma formação ideal. Até conquistou o Estadual com sobras, chegou liderar o Brasileirão em certo momento. Mas verdade seja dita, o time não convencia. Os resultados ruins começaram a surgir naturalmente e seu prestígio foi caindo no conceito da crônica. Mesmo em constante presença no G-4, o Colorado deu vexame na Copa do Brasil e na Sulamericana. No final da temporada, apenas em meados de setembro, finalmente o time se encontrou com J. Henrique entre os titulares. O começo deste novo rumo veio na vitória diante o Palmeiras fora de casa. Depois da sua contusão, Sasha ganhou espaço. O time melhorou ainda mais. Na véspera do jogo contra o Cruzeiro, líder versus vice-líder no Mineirão, ele também se machucou. Aí em diante foi na base da vontade, principalmente nas partidas decisivas. Veio a vaga para a Libertadores, mas o título nacional passou longe do Beira-Rio. Terminou com o time na mão apesar dos apesares. Devia ter dado sequencia.
Eleito, sem Tite (fechado com o Corinthians) e sem Abel, Píffero foi em busca de um novo treinador. Vários foram contatados. Até Luxemburgo recebeu proposta, mas preferiu seguir no Flamengo. Então surgiu o nome de Diego Aguirre. Havia um acerto verbal com o Peñarol, mas a cúpula do Inter se atravessou nas tratativas dele com o clube uruguaio. O desafio, a proposta salarial e o orçamento para a Libertadores pesaram e o ex-jogador do Inter voltava, agora como técnico.

Aguirre chegou a tempo de fazer toda a pré-temporada com o elenco do Inter

Primeira constatação: Diego Aguirre não foi plano “A”, nem plano “B”. Sua contratação foi medida imediatista e urgente. Nem por isso o cara não é gabaritado. Ex-atleta, identificado com o Inter, com relativa experiência na função (inclusive vice-campeão da Libertadores eliminando o próprio Colorado dentro do Beira-Rio), Aguirre entende de futebol. É do ramo e tem todas as condições de fazer sucesso no Brasil. Obstáculos naturais como idioma, rotinas do Clube, filosofia de treinos, ambiente de vestiário e entendimento de cultura local seriam normais a qualquer profissional estrangeiro que assume o comando técnico de uma equipe brasileira.
Planejamento acertado, pré-temporada definida e estratégia de trabalho traçado, 2015 começou com contratações de peso. Alguns jogadores fizeram parte dessa fase de preparação, outros em parte dela e poucos em nenhum momento. Definido com três volantes, o time estava montado. Aí Willians, titular com Diego nos amistosos preparatórios, foi negociado. Atacantes foram trazidos no intuito de dar velocidade. Muita gente de qualidade e currículo, mas ainda sem condições plenas de atuar desembarcaram no Salgado Filho. 

Zagueiro Rever desembarcando com a família em Porto Alegre. Estreou mas não entrou em campo na primeira rodada da Libertadores

Variando depois para três atacantes com Nilmar jogando de costas, o time não agradava ninguém. Um amontoado em campo com os atacantes caindo um sobre o outro. Nada de compactação, sem defesa. Píffero surge na imprensa então dando “palpites” sobre o time, algo que vamos explorar melhor a diante. Com Ânderson, recém contratado, houve um posicionamento de três meias. Agora havia saída de bola, o time melhorou relativamente. Antes disso, e muito relevante citar também, faleceu o diretor de futebol recém nomeado, homem forte da presidência.
Segunda constatação: Parece não haver plena sintonia entre direção de treinador. Um titular que é vendido antes mesmo de estrear acaba colocando por água toda a preparação tática de pré-temporada. Contratações importantes, mas não pontuais ou atletas sem condições físicas para atuar imediatamente atrapalharam o início de ano. E o mais importante, lembro do velho jargão popular que diz: “cada macaco no seu galho”! Píffero opina e cobra muito. Até aí normal afinal é o presidente. Contudo, tem coisas que se tratam internamente. Cabe ao treinador escalar, não ao presidente. Se der muita opinião em microfone, a imprensa vai pra cima do treinador sem dó nem piedade. Pesa demais, expõe muito! D’Alessandro encerrou sua entrevista ontem, por exemplo, pedindo blindagem no vestiário. Diego não se mostra tranquilo. Os reflexos são todos imediatos e interferem sim nos treinamentos, no moral e em tudo que é importante para formar um grupo campeão daqui pra frente.

Depois da derrota, capitão D'Alessandro chamou companheiros de time para uma conversa, ainda no gramado

Em relação ao jogo contra o The Strongest, ao menos nesta partida, a derrota não passou pelo treinador. Seu único equívoco foi não ter explorado as três alterações devido o esgotamento de sua equipe dentro de campo. O time entrou na cancha no 4-2-3-1, formação mais eficiente encontrada até agora. Todos sentiram os efeitos da altitude, mas o meia Ânderson sofreu demais. Faço uma comparação aqui a "passeios de barco". Vejam... algumas pessoas ficam mareadas, umas mais outras menos. Alguns nem sentem nada, nenhum enjôo. Depois de muitos "passeios" o organismo vai se acostumando ao balanço do mar. Altitude é a mesma coisa! Com a tecnologia que existe hoje, é possível identificar esse problema. Principalmente quando for muito acentuado. Ânderson era peso morto em campo, nem devia ter entrado. Falha do departamento médico, em especial dos fisiologistas em não alertar nada. “Se” alertaram, a responsabilidade é, aí sim, toda do Aguirre.
O Internacional correu atrás dos bolivianos durante o jogo todo. Não pode ser assim em zona de ar rarefeito! Sem a bola também se joga, mas os comandados de Diego não conseguiam. A simples substituição de Ânderson por alguém que conseguia fazer alguma coisa deu novo sentido ao embate. Diminuindo o resultado para 2x1, teve chances até de empatar. No fim, depois de correr tanto atrás da pelota nos 3.600 metros de La Paz, o time morreu. Sem  fôlego, o 3x1 foi justo. Pior, Nilmar entrou de forma desleal em um oponente. Não precisava, o jogo já se arrastava para o fim. Agora é desfalque. Merece ser punido pela diretoria.

Expulsão infantil!

Terceira constatação: Não tem como fazer uma preparação decente se pensarmos "somente" no adversário. O Inter não sabia com quem iria estrear por conta da pré-Libertadores. Faz uma semana que houve uma definição. Mesmo assim, o planejamento foi falho porque as questões locais pesaram muito. O Inter tem time para vencer os três adversários da chave em casa. Inclusive contra o time boliviano o Colorado é favorito. Então não é o fim do mundo! Perder nunca é normal, mas lições devem ser tiradas. Óbvio que a pressão exercida sobre todos, em especial ao treinador, estão desproporcionais. Ele mesmo pediu 30 dias semana passada para deixar a equipe no ponto. 
Não dá pra voltar no tempo... o que foi já foi!
Se existem erros, eles não foram cometidos ontem. Compreender que desde a eleição até a escolha do novo técnico, sua estratégia de trabalho tem reflexos em campo, comuns em mudanças (depois de 14 anos, uma nova diretoria assumiu o Inter), acompanhadas de fatalidades improváveis (como esta que aconteceu com Luiz Fernando Costa), de ações imediatistas (soluções de última hora) e discursos impróprios para a imprensa. Cabe aos atletas, seu comandante técnico e direção encontrar união, fechar em um mesmo sentido. De nada adianta cada um "ver seu lado" justificando o que pensa pelos microfones da imprensa. Roupa suja se lava em casa. Outra... cada um que assuma sua parcela de culpa! Começa por aí! Com tranquilidade, esse time pode render e se classificar com sobras.

Saudações Coloradas

Imagens: Canais "Esportes O Povo", "Notícias BOL", "Globo.com", "Correio do Lago" e "Terra".

4 comentários:

  1. Rafael, muito boa sua leitura sobre o nosso colorado velho de guerra, aliás, dizer isso já é chover no molhado, você é um talento nato, é um desperdício você trabalhar em outra coisa que não seja falar sobre futebol, e se um dia o fizer tenho certeza que chega no topo mas a vida é assim e o próprio pelé foi reprovado em mais de 10 peneiras e quase desistiu passando despercebido em nosso mundo, são coisas da vida.
    Mas deixando a "rasgação de seda" de lado, vamos ao Post: O The Strongest, está em todas as Libertadores, e somente em 2 oportunidades foi batido em casa. Então aí fica mais do que provado que é um anfitrião indigesto. Os 3.660 mts de altitude são a principal arma do time Carboneiro, que fora da Bolivia não ganha de ninguém. Inclusive a Fifa já havia proibido jogos em La Paz e depois voltou atrás. Outra coisa, digamos que aquela bola do Nilmar, onde ele ficou cara a cara com o goleiro, tivesse entrado, o jogo seria outro, ou não seria? Mesmo depois do 2x0, o Inter teve poder de reação, diminuiu o placar e só não empatou porque a bola do Vitinho encontrou o travessão. Então, existem mais coisas numa partida de futebol do que sonha nossa vã filosofia, em 1 minuto o time engrena, pega moral e o adversário não mais o encontra no jogo, correndo de um lado para o outro como baratas tontas, totalmente batido, enquanto vê seu adversário passear em campo. O que não foi o caso do Inter, em nenhum momento o colorado se entregou, faltou sim entrosamento, faltou escalar o time com Vitinho e não com o Anderson, faltou as bolas terem entrado e faltou até oxigênio propriamente dito, mas não faltou vontade e luta e se D' Alesandro chamou todos os jogadores no fim do jogo para uma conversa, o Gringo não é bobo, ele viu que aquele grupo ali, com mais as peças que estão para entrar no time, tem condições de ir longe na competição e ele sabe a diferença entre um time vencedor e um grupo derrotado, pois já teve exemplo dos dois pelo tempo que tem de casa.
    Não vou falar aqui sobre o erro de dispensar o Abelão, ou os desastres que foram as tentativas de contratar Tite e Luxemburgo, ou se Aguirre foi o plano A, B, ou C, o comandante do Inter é o Aguirre e os contratados já foram escritos e são muito superiores aos das conquistas de 2006 e 2010, onde neste último ano tivemos Jorge Fossati e Celso Roth no banco, alguém quer prova maior do peso desta camisa?
    Sobre o time do Inter, estou muito animado, existe um leque de possibilidades á serem usadas, nunca já mais na história o colorado teve tanta gente boa á disposição e uma safra promissora que poderia formar um time competitivo em qualquer campeonato só com a prata da casa, com 1-Alison, 2 Vink, 3-Alan Costa, 4-Jackson (voltando do Santos), 5-Bertoto, 6-Jeferson, 7-Taiberson, 8-Alison Farias, 9-Sacha, 10 Valdívia, 11-Bruno Gomes, Maurides, Rodrigo Dourado, Ailon.
    A diretoria trabalhou bem, e só não se livrou de Rafael Moura e Jorge Henrique porque ninguém quis, errou em contratar o fraco Léo (que jogou bem na Bolívia), deveria ter investido mais na lateral direita, porque Vink se machuca muito e errou em manter o fraco Alan Ruschel no elenco, na verdade tentaram outros nome mas não conseguiram.
    Dispensamos Alan Patrick, Welington Silva, Gilberto, Welington Paulista, Igor, Bollati e o Luque só não foi embora porque é jogador do Sonda, aí já é outra história e é longa.
    Então colorados, temos tudo para ter um grande ano, temos muito trabalho pela frente, mas temos material humano de sobra, casa nova, e peso de camisa á vontade, e a competitividade entre os jogadores do elenco não deixará faltar vontade de vencer, e que assim seja.

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  2. Grande Acioli!
    Obrigado pelas palavras, mas você sabem muito bem que aprendemos muito contigo. A maioria de suas postagens, na hora, são até mal compreendidas. Depois, quando o resultado chega, os mesmos acabam por se curvar.
    Em relação ao que publicasse em nosso Blog, fica evidente que os mais lúcidos não estão fazendo terra arrasada. Houveram uma série de erros, equívocos e até fatalidades (que não é culpa de ninguém) que atrapalharam um pouco o processo, atrasando o encaixe desse time.
    A chave do Inter é perfeitamente superável e, no mata-mata com mais corpo e uma equipe mais bem definida, o Inter tem boas chances de fazer bonito na Taça Libertadores. Apenas uma observação... se não me engano, o Aylon foi emprestado.

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  3. Sim Rafael, Aylon foi pro paisandu, assim como o Jackson foi pro Santos e o Maurides também foi emprestado, mas são jogadores do Inter, e eu quis dizer sobre a boa safra que temos este ano no Beira Rio e que daria só com eles formar uma boa equipe.

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  4. Verdade Acioli. Mas você conhece minha opinião quanto a "formar" times com garotos. Já queimamos muitas jóias no passado, rasgamos um monte de dinheiro no tempo das vacas magras "antecipando" etapas com a garotada. Veja o que acontece no Grêmio agora sem grana pra investir. Podem estar perdendo uma baita geração de atletas, anos de formação botado fora! Tudo porque depositam nas costas deles uma responsabilidade que não estão prontos para carregar. Acabo me tornando meio cético com isso.

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