Alguém lembra dos corinthianos?
Havia dito tempos atrás que aguardaria um pouco antes de me manifestar
sobre o assunto, mas agora chegou a hora. Mas antes de apontar o dedo para esse
ou aquele grupo de torcedores organizados, busquei três matérias publicadas na
Internet de forma bem aleatória, senão vejamos:
Goiás suspende torcidas organizadas para
frear violência: Decisão judicial foi motivada
por morte de jovem em partida do Estadual (data: 21/04/2012) Fonte: Site Goal
Torcedor do Náutico é baleado nos Aflitos, minutos
antes do jogo: Uma briga entre torcidas deixou um jovem de
apenas 19 anos gravemente ferido. Lucas de Freitas Lyra foi baleado minutos
antes do jogo do Náutico contra o Central, nos Aflitos, durante confronto entre
torcedores alvirrubros e rubro-negros, por volta das 18h45 (data: 02/04/2013)
Fonte: Site UOL
Torcidas de Inter e Grêmio brigam dentro do metrô e
três são presos pela polícia: O primeiro dia de jogos oficiais de
futebol no Rio Grande do Sul foi manchado pela violência entre as torcidas.
Gremistas que estavam no aeroporto aguardando o desembarque do atacante Vargas
e Colorados que estavam indo para o Complexo da Ulbra, em Canoas, onde o Inter
enfrenta o Passo Fundo brigaram quando os vermelhos se encontraram em uma
estação de metrô e brigaram. Três acabaram presos. (data: 19/01/2013) Fonte: Site UOL
Torcedor do Coritiba enfrenta policial em invasão de campo após rebaixamento
Bom,
fica claro que o problema não é a Gaviões da Fiel e não se restringe à região
Sudeste. Seja no Sul, no Nordeste, no Centro-Oeste ou onde houver futebol, o
problema existe. Antes, durante e depois dos jogos, dentro e fora dos estádios,
enfim, a violência está estampada na realidade da maior paixão nacional.
Então
chamo os amigos do Blog para refletir comigo!
Se
organizar para torcer não é algo novo. Pesquisei e descobri que nos
anos 40 as chamadas charangas já tinham a configuração de se organizar para
torcer, incentivando seus times de coração durante os jogos. Institucionalmente,
mais próximo do fim da década de 60, em São Paulo surgia a Gaviões da Fiel e
logo em seguida a Independente. Pelo que apurei ambas nasceram com fins mais
políticos (movimentos dentro do Clube) do que como torcidas mesmo.
Temos um marco inicial!
Pergunto
então aos amigos, TODO torcedor organizado é violento ou se envolve em atos de
vandalismo? Sempre foi assim ou é algo mais recente? Primeiro devemos nos
despregar de paradigmas, até porque toda generalização é burra. Seja na Igreja,
na política, nos Meios de Comunicação, no Judiciário, na iniciativa privada, no
legislativo, nas entidades de classe, enfim, pessoas boas e ruins convivem (não
necessariamente com harmonia) em um mesmo contexto. Isso não significa que uma
classe inteira seja viciada por corruptos e criminosos. Precisamos dar início à
reflexão separando o joio do trigo.
Mas
na prática o que poderia ser feito então?
Penso
que a impunidade é algo que colabora com esta e todas as situações de corrupção
e violência que assolam o país. Senão vejamos o desdobramento
daquele massacre que ocorreu no Egito:
Justiça do Egito condena 21 torcedores à morte
após massacre em estádio: O Tribunal do Cairo confirmou a pena de morte para 21
torcedores de equipes de futebol, envolvidos no tumulto do estádio de
Port-Saïd. Na capital do Egito, a sede da Federação egípcia de futebol foi
incendiada, além de prédios pertecentes à um clube de futebol da polícia local.
No fim de janeiro, mais de 30 pessoas foram mortas em protestos contra as
primeiras condenações anunciadas pela justiça. (dada: 09/03/2013) Fonte: Portal Português
Torcedores do Al-Ahly comemoram a decisão da justiça, no Cairo
No Brasil, o Estado não faz
esse papel de punir e sim de ressocializar os apenados. Tanto é verdade que a
Constituição Federal veda a Pena de Morte e o Código Penal prevê progressão de
regime para bem comportados, àqueles que trabalham, àqueles que estudam, etc.
Nem vamos entrar no mérito
da educação e das campanhas para conscientizar as pessoas sobre o assunto. Se a
Constituição Federal não for alterada, nem vamos debater a possibilidade de
pena de morte também. Em se tratando de reformar a Lei Penal, teríamos algo
mais próximo de uma possibilidade. Endurecer as penas a este tipo de crime
seria uma alternativa mais palpável.
Mas aí eu pergunto outra
coisa, com tantas progressões, indultos e o escambal pouca gente vai presa ou
fica presa. Mesmo assim o sistema carcerário brasileiro está superlotado,
certo? Compensa alterar e enrijecer as normas? Se houver um número maior de
sistemas prisionais sim, faltam vagas nas prisões! O problema, amigos do Blog,
é que construir cadeias não dá voto, pelo contrário!!! Quem aqui quer casas de
detenção ou reclusão na sua cidade em seu bairro? Todo mundo quer presos, mas
ninguém quer cadeia... como resolver então? Voto se consegue com asfalto e
ponte, obras que atendam anseios particulares. Melhorias coletivas não colocam
ninguém no poder.
Voltamos às torcidas...
A
torcida organizada em si não é necessariamente violenta. Estas ações
são atos de vingança em um ciclo vicioso maldito. As torcidas organizadas têm
uma parcela considerável de integrantes que se envolvem em atos violentos, como
existe fora das organizadas e em toda sociedade brasileira. O fato de existir
ou não um CNPJ, desde as épocas das charangas não impede que as pessoas se
organizem e se uniformizem para torcer por seu time. Falar em banir Torcidas
Organizadas é pura balela.
Sem demagogia ou machismo,
mas futebol sempre foi programa pra homem! A violência está muito vinculada
com a masculinidade das pessoas. Tem uma expressão recorrente nas torcidas sul-americanas
que diz “Hay que tener aguante”, ou seja, é preciso agüentar a cachaça.
Indiretamente quer dizer que os times e seus torcedores tem de agüentar porrada.
Temos o princípio de virilidade nas torcidas, mas não só nas torcidas, em toda
a sociedade predominantemente masculina.
O problema não é a Gaviões
da Fiel, o Sudeste ou o Brasil. É no mundo inteiro! Cada sociedade dá aos seus
transgressores a devida punição que entender. Se existe alguma culpa nessa
triste realidade ela é toda nossa! Individualismo e falta de cidadania construíram
nossa sociedade. Cada um só quer saber o que acontece dentro do seu cercado.
Senão vejamos as ações “hooligans” e como isso é combatido na Europa.
Em relação os membros do
Gaviões na Bolívia, bem... um menino assumiu a responsabilidade. Verdade ou
não, alguém se pronunciou autor do ato criminoso. Como se diz no popular, não
houve “X9” por lá, então os demais estão pagando por isso. Nada que a
diplomacia não resolva, mas isso está demorando mais do que eu acreditava.
Corinthianos continuam presos na Bolívia
Quanto ao Corinthians e TODOS
os grandes Clubes do país só tenho uma coisa a dizer: entidade que usa distintivo
ou símbolo oficial de um Time de Futebol carrega no uniforme a chancela da
instituição. Se não tem autorização então os Clubes precisam reagir para não
ser conivente, proibindo isso. Pior é que na prática as torcidas organizadas recebem
ajuda para viajar e ganham ingressos para muitos jogos. Tão logo estes Clubes
DEVEM SIM ser responsabilizados pelas atitudes de torcedores integrantes de
organizadas DENTRO DOS ESTÁDIOS. Fora dele esta responsabilidade deve ser apenas
de forma relativa, mas também precisa existir uma apuração de caráter interno, exercendo
os Clubes um importante papel, intervindo nas expulsões destes membros da
torcida. Se existem agremiações constituídas juridicamente com associados se
beneficiando de tudo que os Clubes lhes agraciam, violência ou baderna
promovida por eles indiretamente é incentivado pelos Times.
Restringir o acesso de bandidos
nos estádio pode e deve ser uma preocupação dos Clubes. Por isso eu reitero que
torcida (organizada ou não) é uma coisa, vagabundo infiltrado é outra!
No fim o Corinthians saiu
praticamente ileso deste episódio. Precisava ter sido eliminado da Libertadores, isso sim.
Deveria inclusive ser impedido de participar das competições promovidas pela Conmebol
por um tempo considerável. Nem o novo estatuto da competição sequer foi
cumprido e a punição foi a coisa mais branda que poderia ter sido imputada ao
time de São Paulo. Criamos uma jurisprudência agora, matar torcedor dentro dos
estádios fora de casa lhe imputa a restrição de torcida nos jogos não
disputados em seu estádio somente.
Uma piada!!!
Uma piada!!!
Saudações Coloradas
Imagens: Portal Veja e Globo.com



Rafael,
ResponderExcluirExcelente teu post e muito oportuno abrir esse assunto para a discussão aqui. Pelo que conheço das torcidas organizadas dos clubes daqui de Curitiba, muitos elementos de suas diretorias estão ali por puro interesse político mesmo, seja clubística ou política pública propriamente dita, pois já tivemos até deputados estaduais eleitos com os votos de torcedores e muitos ex-atletas também se elegem com o apoio destes. Outros estão nessa por não terem outra ocupação e muito tempo livre para essas atividades não muito claras para o povo em geral. Essa prática do famoso "esquenta" pré jogo é um festival de demonstrações daquilo que tu chamas de princípio da virilidade regado e estimulado com todo o tipo droga e bebida, e concordo quando dizes que não se resume a A ou B torcedores. Existe um código entre todas (eu disse todas) as organizadas em que se destacam os mais ativos,(ou violentos) e os que não são assim são estimulados com vários tipos de processos pelo grupo, sejam químicos ou mesmo físicos! Pergunte para um membro da Gaviões pro exemplo, como é o processo de "batismo" de um novo membro numa primeira excursão acompanhando o time!
E quanto aos primórdios das organizadas, juntamente com as famosas charangas iam dezenas de senhores com seus filhos e até algumas senhoras e senhoritas, portanto existia um ambiente quase familiar! Eram auto suficientes, cada um levava o instrumento próprio e invariavelmente se reuniam no portão do estádio com suas bandeiras e faixas. Ainda não eram massa manipulada por elementos de caráter duvidoso, e só eram movidos pelo prazer de simplesmente torcer pelo seu clube favorito! Não tinham poder nenhum junto aos clubes e nem ajudas de nenhum tipo destes mesmos.
Era mais ou menos como os blocos de carnaval que se organizavam ao sabor do acaso e da vontade de brincar na rua, hoje temos as indústrias do carnaval chamadas Escolas de Samba!
Concordo também quando dizes que o clube deveria ser eliminado da competição em casos extremos como foi esse na Bolívia, e talvez essa lição que o grupo dos "esquecidos" jamais esquecerá, sirva também aos demais membros que seguem os clubes pelo Brasil afora e principalmente no exterior, onde nem sempre as leis ou os valores morais da população são iguais aos que convivemos por aqui.
Tua ponderação a respeito das cadeias também é muito pertinente, pois a população carcerária cresce em ritmo muito maior do que os governantes se preocupam em construir mais vagas para estes.
Concordo também que não devemos generalizar o conceito dos participantes dessa organizações civis "sem fins lucrativos", mas se começar a punir rigorosamente OS CLUBES, com certeza haverá mais controle pelos mesmos a este respeito! Seria um bom começo para reduzir o festival de ignorância que assola o país que vai sediar a próxima Copa do Mundo de Futebol!
Isso serviria também para que estes "torcedores" se colocassem em seus devidos lugares e parassem de querer mandar nos clubes, nos dirigentes, treinadores, jogadores, etc.... Existem tantas coisas mais importantes que precisam ser combatidas com esta veemência e virilidade que eles desperdiçam em jogos muitas vezes sem nenhum valor!
Eu não acredito que haja uma solução para a violência entre as torcidas. Impedir a organização de torcidas não vai acabar com a ferocidade e irracionalidade de alguns seres ditos humanos. Penso que esse problema é um problema mais geral, pois a violência é um problema social e até mesmo comportamental, muito discutida entre sociólogos e psicólogos! Há quem diga que há no ser humano um instinto de morte sem controle e sem paralelo, ou seja, somos piores que animais.
ResponderExcluirInfelizmente, o futebol e as torcidas organizadas funciona como uma válvula de escape, um bom motivo para descarregar a agressividade de alguns indivíduos, que não vão ao jogo só para torcer mas para matar.
Não sei se os jogadores e o time do Corínthians merecia uma punição mais severa a ponto de ficar fora da Libertadores, mas a torcida deveria ser impedida de ver os jogos até o final da Libertadores. O que me espanta não é a violência da torcida corinthiana, mas a hipocrisia dos dirigentes e até mesmo do Tite, que disse que trocaria o título mundial pela vida do boliviano.
Depois do jogo, dirigentes corinthianos e o treinador apareceram com cara de assustados pelo assassinato daquele jovem. Todos transpareceram preocupação com a fatalidade, mas na verdade estavam com medo da punição, bastou a poeira baixar, para os paulistas entrarem com recurso na justiça.
Concordo que a violência não se restringe ao centro Rio-São Paulo, mas não há dúvida que lá o problema é muito mais grave. Há quem diga que o problema do Palmeiras em não contratar grandes jogadores, está no medo da sua violenta torcida.
A Violência é um problema histórico-social e o futebol é apenas um refúgio, o lugar onde ela se manifesta. A selvageria e a agressividade é só um de nossos problemas, junto a ela temos a hipocrisia, a alienação, a manipulação, o roubo, a fraude, a falsidade ideológica, a corrupção e tantos outros males de nosso convívio em sociedade.
FJC,
ResponderExcluirCreio que é mais fácil repreender um ou dois malucos sem noção no meio de muitos torcedores com bom senso, que certamente é a maioria esmagadora que vai aos estádios, do que enfrentar uma turba uniformizada que tu mesmo definiu perfeitamente como refúgio para manifestação de violência explícita!
E o mais perigoso, com relação a futura Copa no Brasil é a liberação de bebida nos estádios. Eu particularmente gosto de uma cervejinha no campo como todo bom bebedor, mas e os grupos de selvagens bêbados que unidos formam uma força agressiva que não respeita nenhum limite de civilidade?
Será que precisamos mesmo retroceder e ceder às pressões da FIFA e seus patrocinadores?
E o policiamento será compatível com os elementos de risco que serão gerados nestes jogos?
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirCom bebida ou sem bebida, existem indivíduos que são agressivos e vão ao estádio para brigar. A Copa do Mundo vai ser um desafio para o Estado e para a sociedade brasileira como um todo. E não temos só a questão da violência, temos a questão das ações fraudulentas, do roubo, da clandestinidade, e uma série de problemas que vão surgir.
ResponderExcluirSobre o Grêmio, preocupa-me, e muito, as opções de Luxemburgo nesse elenco. Será que o Guilherme Biteco não está em melhores condições que o Fabio Aurelio, a 300 dias sem jogar? Por que o Saymon não aparece entre os reservas? Marco Antonio na meia ofensiva é um desastre. Ano passado, ele tinha achado sua posição, no máximo, como segundo volante. Como armador, ele é muito limitado e previsível. O Grêmio tinha na base um garoto chamado Tinga. Esse jogador tinha tudo para se tornar uma grande revelação no Olímpico. Agora não aparece sequer no time B. Que coisa estranha é esse time da velha guarda de Luxemburgo!
Sei que as questões em torno de Marcelo Moreno estão saturadas e ninguém aguenta mais, mas o que faz um treinador escalar um jogador como Welinto? Onde está o Lucas Coelho?
Até que me provem o contrário, ganhando títulos com essa camisa, não acredito nesses jogadores muito rodados com enormes salários! O Grêmio só construiu um time vencedor quando apostou em jogadores recém formados na base ou com atletas oriundos de outros clubes que chegaram no Olímpico para vencer e mostraram que eram comprometidos com o clube!
Com bebida ou sem bebida, existem indivíduos que são agressivos e vão ao estádio para brigar. A Copa do Mundo vai ser um desafio para o Estado e para a sociedade brasileira como um todo. E não temos só a questão da violência, temos a questão das ações fraudulentas, do roubo, da clandestinidade, e uma série de problemas que vão surgir.
ResponderExcluirSobre o Grêmio, preocupa-me, e muito, as opções de Luxemburgo nesse elenco. Será que o Guilherme Biteco não está em melhores condições que o Fabio Aurelio, a 300 dias sem jogar? Por que o Saymon não aparece entre os reservas? Marco Antonio na meia ofensiva é um desastre. Ano passado, ele tinha achado sua posição, no máximo, como segundo volante. Como armador, ele é muito limitado e previsível. O Grêmio tinha na base um garoto chamado Tinga. Esse jogador tinha tudo para se tornar uma grande revelação no Olímpico. Agora não aparece sequer no time B. Que coisa estranha é esse time da velha guarda de Luxemburgo!
Sei que as questões em torno de Marcelo Moreno estão saturadas e ninguém aguenta mais, mas o que faz um treinador escalar um jogador como Welinto? Onde está o Lucas Coelho?
Até que me provem o contrário, ganhando títulos com essa camisa, não acredito nesses jogadores muito rodados com enormes salários! O Grêmio só construiu um time vencedor quando apostou em jogadores recém formados na base ou com atletas oriundos de outros clubes que chegaram no Olímpico para vencer e mostraram que eram comprometidos com o clube!