Explicando o Inter para entender a necessidade do Grêmio
Saindo um pouco das questões de futebol propriamente ditas, falamos agora da importância que assuntos extra-campo influenciam na construção das equipes.
Muitos associados do Grêmio, irritados pela falta de títulos e pela compra de jogadores “mais baratos” (menos conhecidos), deixam de se associar ou até cancelam suas matrículas. Estes torcedores estão “completamente” errados. O clube passa por um momento de enxágüe para colocar a casa em ordem. O recurso das mensalidades de sócios é fundamental neste momento. Para demonstrar a situação, vamos apresentar o caso do Inter.
O novo Beira-Rio e todo seu contexto custou a mudança de poder no Inter
Publicado no Colorado ZH do ClicRBS na última terça-feira, uma matéria chamou a atenção de todos: “Déficit do Inter em 2014 deve atingir marca dos R$ 40 milhões – Se números forem confirmados, será o valor mais alto da história do clube” [1]. O título da matéria fala por si só. Mas como isso aconteceu? Simples... a diretoria até 2014 dirigiu o Inter por mais de uma década. Este grupo (Movimento Inter Grande) foi responsável pela fase de maior conquistas do clube. Mas nos últimos anos investiu pesado na reforma de sua casa, restando recursos limitados para o futebol. Um legado que fica, mas que desencadeou temporadas sem grandes conquistas.
Um homem forte deste MIG, o ex-presidente Vitório Píffero, junto com um grupo de ex-componentes do mesmo movimento, se uniu a outras lideranças. Dentre elas, podemos citar o “Convergência Colorada”. Estes homens haviam se rebelado no passado justamente porque não concordaram com as tratativas financeiras para a reforma do Beira-Rio, em especial, com o contrato de parceria.
Então, em 2014, o presidente Giovani Luigi precisava de “um grande título” para fazer seu sucessor, empolgando a torcida a votar em seu movimento. O clube “não vendeu ninguém”, contrário justamente ao que o próprio MIG liderado por seu patrono Fernando Carvalho em seus primórdios, sempre defendeu. O elenco foi totalmente mantido e a “grana” que está faltando nesta conta vem de Aránguiz. Sim, do chileno! A proposta estava na mesa, mas a diretoria preferiu segurar o jogador acreditando em sucesso pelo Campeonato Nacional.
Sem recursos, Grêmio construiu a Arena em parceria... qual será o custo final disso?
No ano passado, a fé no título brasileiro era tão forte que Copa do Brasil e Sul Americana nem eram prioridades. O foco sempre foi o Brasileirão. Abel demorou para encontrar a formação ideal, mas em meados de setembro e outubro, quando a “coisa ganhou corpo”, ele perdeu J. Henrique e depois Sasha por contusão. Peças fundamentais em um time que “podia” brigar pelo caneco.
O título não veio. A vaga na Libertadores não foi suficiente para convencer o associado em manter a situação no poder. Em contrapartida, a oposição montou sua plataforma de campanha falando em “superávit de taças... isso é um clube de futebol, não uma empresa”; com aproximadamente 70% dos votos, venceu o pleito.
Pra mim, ao menos, a idéia era clara! Vencer o brasileirão, vender Aránguiz na janela intermediária e contratar dois ou três jogadores a pedido de Abel para a disputa da Libertadores. Mas como o contexto político mudou e o compromisso por mudanças e grandes títulos venceram a eleição, um novo técnico foi chamado e uma série de atletas renomados assinaram com o Inter.
No Grêmio, principalmente em 2013, algo muito parecido aconteceu. Ocorre que grandes conquistas não são alcançadas sem um elenco homogêneo formado em um período considerado de tempo. Questões patrimoniais também fizeram parte do recente momento político gremista.
Logo, no Tricolor o processo se assemelha ao que o antecessor de Fernando Carvalho, o saudoso Fernando Miranda fez em 2000/2001. Enxugue, cortes e economia. Depois, já com o MIG no poder, foi a hora de manter um grupo contratando aqui e acolá sem maiores extravagâncias, vendendo jovens formados na base para equilibrar as finanças.
As categorias de base da dupla Gre-Nal são fontes inesgotáveis de talentos
Enquanto no Grêmio o torcedor “precisa” compreender esta situação e colaborar se associando a ideia, no Inter o cuidado deve ser para não gastar mais do que pode. Uma taça “embriaga” o torcedor que deixa de “ver” a realidade que rola por trás de um título. O mesmo vale para o momento da contratação de um atleta badalado. Um time pode ser forte mesmo com um clube fraco, coisa para uma ou duas temporadas. Mas apenas um clube forte tem equipes competitivas sempre. A linha entre a acerto e o erro é extremamente tênue. Qualquer falha neste processo pode colocar anos e anos de trabalho ralo abaixo.
Saudações Coloradas
[1] Dispoível em http://zh.clicrbs.com.br
Imagens: ClicRBS



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