segunda-feira, 31 de março de 2014

A vitória de Abel

Treinador ganha partida com misto de teimosia e visão de jogo

O Inter venceu de forma inconteste o time do Grêmio na primeira partida da decisão do Campeonato Gaúcho 2014. Com dois gols de Rafael Moura, o Colorado virou o placar pra cima do Tricolor em plena Arena. Agora a equipe vermelha pode empatar ou até perder em casa por 1x0 que será tetracampeão estadual.
 
O Inter venceu o Gre-Nal 400
 
Um primeiro tempo disputado, mas era o Grêmio que evoluía com efetividade. J. Henrique mal na partida, He-Man não ganhava uma na frente, Fabrício tropeçava pela esquerda, Alex perdendo gol feito... parecia que nada ia dar certo. Partindo com velocidade sempre nas costas dos alas, o tento gremista vinha se desenhando.
Até que Pará acertou um belo cruzamento, Juan ficou olhando Barcos pular sozinho, se antecipando a ele. Grêmio 1x0 Internacional.
Por pouco os donos da casa não ampliaram, novamente em cima de Juan. A “coisa” se ajeitava em favor de Enderson. Cheguei acreditar que o Tricolor venceria o clássico com sobras.
 
Não há tempo para lamentar! o time do Grêmio já embarcou para a Colômbia

Durante a semana Abel declarou ter “pensado” em sair jogando com Otavinho, por isso lamentou a sua ausência no Gre-Nal. Em um primeiro momento achei fosse mera “lorota” do professor para dar moral ao garoto e tals. Mas não era! Ele sabe que o time é lento. Na verdade, todos sabem disso, falamos o mesmo por aqui inclusive. Então na segunda etapa o treinador mudou sua equipe. Juan alegando contusão saiu para a entrada de Ernando. Mas foi a troca de J. Henrique por A. Patrick que mudou os rumos do jogo.
 
Gre-Nal sem entrevero não é Gre-Nal
 
Aí o Inter deitou no segundo tempo! Com dois gols e mais uma série de chances claras, o time Colorado massacrou o rival nos 45 minutos finais. Saiu barato porque o Internacional poderia ter liquidado a fatura ontem. Mesmo assim ficou difícil... o Inter está com uma mão na taça... porém futebol tem reviravoltas históricas em seu contexto que nos leva a segurar o freio antes de cravar a ideia de título antecipado.
 
"É engraçado falar sobre jogar. Todos sabiam que era difícil jogar. Não fosse o departamento médico, fisioterapia, os tratamentos em três turnos que fiz, a fé, minha força de vontade e superação... Joguei com 40%, 50% da minha capacidade" (Rafael Moura)

Tudo que aconteceu no segundo tempo vai além da troca promovida pelo técnico do Inter e vai ao encontro daquilo que falamos no Blog. Sua “teimosia” irritante em manter alguns jogadores fez o resultado! Ele arriscou acreditando nos caras e deu certo. Eles entraram com moral e tranqüilidade para deslanchar na hora certa. No outro lado, sem Zé Roberto, falta um jogador que coloque a bola no chão. Além disso, a equipe inteira sentiu a sequencia. As mazelas decorrentes da maratona de partidas no qual o Tricolor está engajado ficou evidente na etapa complementar. Outro fator é a juventude de Luan... se “macacos-velhos sentem”, o que dizer de um garoto em uma partida nessas condições? Final, Grêmio 1 x 2 Internacional.
 
"Não vou entrar nessa briga, porque seria mais um negro que estaria brigando por uma coisa que não está dando resultado" (Paulão)
 
Não podemos tirar os méritos dos atletas Colorados, claro. Mudaram de postura encarando o Gre-Nal na segunda metade da partida em diante como deve ser. O “herói” Rafael Moura calou a minha boca. Além dos dois gols ao melhor estilo He-Man, fez o pivô com inteligência a partir de seu gol. A síndrome da “D’Ale dependência” parece estar com os dias contados.
Assim, o Inter se transforma em favorito absoluto e o Grêmio faz a segunda partida como franco atirador.

Pitacos:
 
- Zebra verde;
- Coxa e Palmeiras queimaram a minha língua e foram eliminados para times do interior;
- Além da cor da camisa, coincidentemente eram favoritos, jogavam em casa e saíram das competições locais na frente de seu torcedor;
- No Rio de Janeiro nem tão improvável, mas muito surpreendente;
- O Vasco superou a vantagem do Fluminense e disputa a final com o Flamengo;
- Santos e CA Paranaense seguem como os grandes na final do Paulista e no Paraná, respectivamente;
- O Santos pega o bom Ituano;
- Já o CA Paranaense ainda precisa carimbar a vaga no meio de semana;
- Em Santa Catarina o Figueira também surpreendeu;
- Eu acreditava na classificação do Furacão do Estreito, contudo, vencer do jeito que venceu dentro H. Hülse é sempre difícil;
- Trouxe, assim, a segunda partida para o O. Scarpelli e é favorito contra o Joinville;
- Na Bahia a decisão será Ba-Vi;
- Minas Gerais vai ferver com Cruzeiro x CA Mineiro;
- Em Goiás também teremos clássico, Goiás x Atlético;
- Paulão, você está errado;
- Tem que denunciar e entrar na briga sim;
- Quem deixa de lutar por aquilo que acredita ou defende não pode reclamar depois;
- Sem generalizações, mas existe SIM uma parcela de gremistas que propagam racismo nas arquibancadas;
- Só acho que a mudança começa muito além do preconceito racial. A intolerância ultrapassa limites em todos os sentidos. O problema NÃO É futebol, é da sociedade como um todo. Só acho que para mudar as coisas deve haver punição, chega de balela. Depois que mataram um torcedor (criança) dentro do Estádio e NADA acontenceu... pior... fizeram eles de heróis para depois os mesmos integrantes de torcida organizada armar confusões pelo Brasil, me parece que “ofender” alguém por sua cor de pele se transformou em uma coisa pequena.

Saudações Coloradas
 
Imagens: Globo.com

4 comentários:

  1. Foi uma vitória da experiência. Enderson levou uma lição do Abelão nesse jogo.
    Demorou para mudar o esquema, e quando mudou já estava dois a um. Não adianta colocar Maxi e Deretti, depois dos 30 minutos, quando o adversário já lacrou e fechou bem a defesa.
    O esquema com três volantes tem lá os seus limites.
    A meu ver, Alan Ruiz deveria sair jogando.
    Os jogadores jovens do Grêmio também se renderam à malandragem e experiências dos jogadores colorados.
    D'Alessandro não fez grande coisa, mas gesticulou, falou, falou, colocou bola em baixo do braço, apitou e mandou no jogo. Nem o Edinho teve coragem de colocar a mão no peito do camisa 10 do Inter.
    Esse resultado, para mim, foi decisivo. O Grêmio pode mandar os reservas para o Beira-Rio, e ver o que pode fazer, dando o máximo na Libertadores.

    Sobre os atos de racismo, sou contra qualquer tipo deles. Porém, temos que analisar primeiro o que é próprio de um ser humano.
    O que podemos dizer de um cidadão que quebra cadeiras de uma instituição, seja privada ou pública?
    Atitudes como as da torcida do Vasco e do Atlético, ano passado, são próprias do ser humano?
    Seria imoral e ilegal de chamá-los de 'macacos humanos"?
    Os macacos não são doentes por instituições e agremiações, apenas lutam pela sobrevivência. O ser humano vai além das suas necessidades. Temos muita hipocrisia humana nesse debate. De certa forma, alguns macacos são até mais evoluídos que nós.
    Ou alguém já viu macacos matando por futebol?

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  2. Rafael.

    Perfeita tua leitura do clássico, como eu já disse no comentário anterior, dois gols foram pouco pelo volume de jogo colorado no segundo tempo.
    E o Paulão realmente não tem necessidade insistir com a queixa, pois o próprio Grêmio está mandando as imagens para o Ministério Público, com a identificação do animal que xingou o zagueiro colorado de macaco. Se fosse de veado, burro ou cavalo não teria nenhum problema, mas o coitado do macaco como é discriminado no mundo animal, não pode ser citado porque é crime. Mas ainda acho que ninguém tem o direito de ofender nenhum profissional no exercício de sua profissão, nem de forma racial e nem de nenhuma outra forma.
    Como bem comentou o FJC, temos muito que melhorar como seres humanos ainda, principalmente no quesito hipocrisia, ou politicamente correto como alguns hipócritas preferem chamar!
    Em qualquer torcida no mundo existe uma parcela de homofóbicos, racistas e de vândalos, certo? Porque na Grêmio não existiria?
    E se analisar com um pouco de frieza e de conhecimento de futebol, veremos que no contexto do momento: seu time perdendo clássico decisivo em casa, o Paulão já jogou no Grêmio e foi inclusive cotado para voltar tempos atrás, o torcedor (era um único segundo o próprio Paulão) extrapolou os limites da educação sim, mas alguém já pagou ingresso em jogo de futebol para dar flores para o adversário dentro desse contexto? Nada justifica atos de racismo, mas um pouco de racionalidade não faz mal a ninguém!
    E os torcedores que nesse mesmo contexto às avessas, time visitante, vencedor e práticamente campeão, quebra as cadeiras onde sentou prá assistir o jogo, e ainda publica a própria foto em redes sociais para se exibir merece o quê? Uma camisa do time autografada pelo He Man como coadjuvante do herói do jogo?
    Santa hipocrisia!

    Na minha opinião, o futebol dentro do gramado foi o grande vencedor neste Grenal 400, com o pequeno porém do entrevero no finalzinho como já comentei anteriormente. Já na parte que toca aos torcedores, continuou na mesma lamentável situação de sempre!



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  3. Fjc e Marcão:

    Futebol tá ficando chato. Já falei aqui que nossa "cultura" está levando doses de "europealização" goela abaixo. Primeiro que no velho continente "penalizaram" os vândalos com mais rigor que aqui, mas além disso e muito mais impactante na mudança de comportamento nos Estádios foi a elitização da torcida. Quanto custa um ingresso hoje? Lá os preços das entradas deixaram de ser popular tem muito tempo!
    Segundo... tiraram a gelada! Ao invés de punir quem avacalha a coisa, generalizam para todos.
    Terceiro que esse(s) Colorado(s) aí, são burros. Pior que arrancar a cadeira o animal posta numa rede social. É óbvio que vai ter retalhação. Quem paga a conta? Os dois Clubes.
    Tá ficando chato... a ideia de transformar o público de futebol em espectadores de balé encheu o saco.
    Maaas... a propagação racial na torcida gremista existe sim. Assim como TODAS as torcidas são homofóbicas.
    Se vamos combater isso, legal! Porém não me venham falar em constrangimento decorrente de ofensas morais antes de tratar essa síndrome maldita da violência física que antes eram "escondidas" fora dos Estádios, mas agora estão dentro, em cima das arquibancadas.
    O negócio é reconhecer, olhar pro próprio umbigo e começar arrumar o seu quintal primeiro, depois olhar pro vizinho.
    A opressão racista vem desde a colonização deste país. Normal a irritação do Paulão. Só acho que isso é coisa de polícia e cabe a ELE denunciar buscando seu direito contra o bobalhão lá que o chamou de macaco. Diferente quando uma torcida ecoa cânticos neo-nazistas, por exemplo. As autoridades da bola precisam elencar "prioridades" e eu acho que as agressões físicas são mais prejudiciais agora que MORTES estão sendo causadas por torcidas. Superado isso, vamos falar dessa maldita manifestação racista, homofóbica, machista, etc. no nosso futebol, senão a coisa perde sentido e coerência.

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  4. Sobre a questão do humanismo e das contradições humanas em torno da questão dos "homens-macacos", sugiro aos companheiros do blog que assistam o seguinte trecho do documentário sobre Darwin, um dos gênios da nossa ciência. http://www.youtube.com/watch?v=0WcHpa-x72o
    Aquele que compara outro ser humano a outro ser do reino animal, supostamente inferior, deveria voltar para a escola e repetir o ano das aulas de ciências.
    Desconhecer isso, é desconhecer a si próprio, desconhecer suas origens.

    Sobre o Grêmio, muita atenção e tensão teremos nesse jogo em Medelin.
    Na derrota para o Inter, o Grêmio demonstrou alguma falta de poder ofensivo. Faltou futebol. Faltou maturidade e autoridade do meio para o ataque.
    Falta algo nesse time que a gente não sabe exatamente o que é. Talvez um lateral direito, e um meia articulador nato, da posição, para substituir Zé Roberto. Nunca vi um time ser campeão, sem um bom lateral direito e um bom camisa 10.
    O Pará, apesar de ter cruzado bem uma bola no Grenal, ainda é, a meu ver, a ferida do time. É tocar a bola no Pará, e jogada PARA, literalmente.
    O esquema com três volantes deu certo em boa parte da campanha da Libertadores. Mas não acredito que esse é o melhor caminho.
    É apenas um esquema tático melhorado em relação ao Renato Gaúcho do ano passado.
    O Goiás do Enderson não jogava assim.
    Está certo quem disser que o Goiás não jogou Libertadores e não disputou nada importante, mas está certo também que, no Grêmio, o Enderson mais parece um seguido da velha guarda gaúcha, que vai de Celso Roth a Renato Gaúcho.

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