segunda-feira, 5 de maio de 2014

Projeto Libertadores ou um título?

Dupla Gre-Nal e suas realidades

Gostaria de deixar registrado antes de qualquer coisa que, por respeito ao pessoal do Blog, preferi me abster de comentar a eliminação do Grêmio da Taça Libertadores deste ano. Igualmente fiz em relação ao resultado obtido pelo Inter em Cuiabá pela Copa do Brasil. Aguardei a disputa da terceira rodada do Brasileirão para depois comentar alguma coisa, assim evitei oportunismos (eu avisei) e demagogias. O sentimento clubístico pesa nestas horas e qualquer comentário pode soar como provocação... esta não é e nem nunca foi a minha intenção.
 
O torcedor gremista fez a sua parte

Explicado, começamos agora encarando o futebol brasileiro em um contexto geral. Temos 12 grandes clubes no país, times considerados de massa. São eles: Inter, Grêmio, CA Mineiro, Cruzeiro, Vasco, Flamengo, Botafogo, Fluminense, Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo. Destes, onze (deveriam ser apenas dez) disputam a Primeira Divisão. A principal competição do país assegura quatro vagas para a Libertadores. As outras nove equipes correm por fora preocupadas em não cair, mas geralmente duas delas chegam na frente lutando por G-4. Dos grandes, sempre um ou dois lutam contra o rebaixamento, outros dois ou três ficam no meio da tabela. Podemos dizer então que oito times vão lutar para se assegurar na competição continental de 2015. Uma das vagas é obtida pela consistência do time durante a competição, mas o título é coroado pela competência de um destes aspirantes. O nível das equipes caiu muito, reflexo direto previsto aqui mesmo nas campanhas brasileiras da Libertadores.
 
Abel Braga chegou com a missão de levar o Inter aos grandes títulos
 
Além do Campeonato Brasileiro, temos a Copa do Brasil e a Sulamericana. Ambas garantem o campeão na Libertadores 2015, mas se houver um time brasileiro levantando a taça da Sulamericana, Brasileirão se transforma G-3 com relação às vagas. Na Europa, as duas competições continentais são disputadas concomitantemente. Como aqui isso não acontece, nenhum time do Brasil consegue disputar Copa do Brasil e Sulamericana ao mesmo tempo, devendo “ser eliminado” no torneio nacional para ter alguma chance na competição internacional. Uma idiotice gigantesca porque este campeonato é sim muito importante!
 
Grêmio aposta em jogadores da base (Luan - foto) e nomes menos consagrados para fazer caixa

No que a dupla Gre-Nal precisa focar? Vamos analisar os dois em separado desconsiderando o que se viu no Gauchão (exceto os três Gre-Nais) e a Copa do Brasil por conta da fragilidade dos adversários.

GRÊMIO – O time de E. Moreira fez catorze partidas em alto nível. Três pelo Gauchão, oito pela Libertadores e três pelo Brasileirão. O Tricolor conquistou seis vitórias, quatro empates e sofreu quatro derrotas. Um aproveitamento aproximado de 52%.

INTER – A equipe de A. Braga jogou bem menos. Três pelo Gauchão e três pelo Brasileirão. O Colorado obteve quatro vitórias e dois empates. Algo próximo de 77%.

Óbvio, fica muito mais fácil tecer um comentário sobre o Grêmio porque passou por muito mais situações de jogo e extracampo que o Inter até agora. Mesmo assim, vamos lá:
O time Colorado “morre” fisicamente no segundo tempo. A média de idade do grupo é muito alta e, a partir dos quinze minutos do segundo tempo o rendimento cai vertiginosamente. Outro ponto fraco desta equipe são seus laterais, além de uma defesa limitada tecnicamente por causa do Paulão. Para chegar, Abel Braga precisa aproveitar ao máximo a parada da Copa do Mundo para dar mais espaços aos garotos! Valdívia, Otávio, Aylon, Winck e todos os outros precisam de cancha, sequência de jogo para ganhar confiança. Mas a política de gestão deste treinador é de “fechar com os seus” (bruxismo), e isso ele já fez lá atrás, na pré-temporada. Exceção à regra foi J. Henrique, não mais absoluto no time titular. A imprensa especula algumas contratações sem muito impacto, mas que podem ser pontuais como foi a do chileno Aránguiz. Em relação aos anos anteriores, as duas principais evoluções foram a diminuição considerável da dependência por D’Alessandro e a presença de um goleiro mais confiável no gol.
 
Dida (foto) e Aránguiz, contratações acertadíssimas da direção Colorada

Pelo lado gremista, a falta de combatividade dos laterais e a relativa qualidade no apoio forçou o treinador escalar uma equipe com três volantes. Isso se deve também a necessidade de armação, uma vez que seus meias (um muito jovem e outro com quase quarenta anos de idade) precisam de cobertura para trabalhar a bola. O goleiro e a dupla de zaga “ainda” são incógnitas. A idéia é dar a posse de bola ao adversário, roubá-la e sair em contra-ataques, além de dar mais liberdade aos alas para abastecer o jogador referência. Dudu chegou no meio do caminho (bom jogador), mas tem estilo próprio. Carrega a bola, vai ao fundo para cruzar, além de finalizar bastante, mas não é armador de distribuir jogadas. Restringir a equipe com apenas um articulador é uma alternativa, assim como abrir mão de um dos volantes para dar mais força ao ataque. O que se vê é Zé Roberto e Luan (o principal e o melhor jogador deste time, respectivamente) rendendo menos quando precisam recompor ostensivamente. Enquanto o garoto sentiu a pressão em jogos importantes, o outro já não tem mais a mesma força física de anos atrás. Em baixa com a torcida, seu centroavante não conseguiu conquistar o coração dos gremistas desde a chegada. Barcos é um grande jogador, mas essa pressão está lhe tirando a tranqüilidade para trabalhar. Assim como a maioria dos clubes do nosso país, o Grêmio atravessa uma crise financeira muito séria e trabalha a contratação de nomes sem muito respaldo, introduzindo constantemente garotos da base em seu grupo principal em busca de um equilíbrio técnico. Como perdeu boa parte dos atletas do ano passado, o elenco ainda passa por reformulação e enxugamento de despesas.
 
Após contusões de Zé Roberto e Luan, o recém contratado Dudu conquistou seu espaço no time

Ambos os times gaúchos “anseiam” por um grande título! O Inter se restringiu a quatro estaduais e uma Recopa desde a conquista da Libertadores em 2010, já o Grêmio passa por um jejum ainda mais elástico, sem qualquer caneco no período. O Tricolor não conquista nada além de Série B e Gauchão desde a Copa do Brasil do ano de 2001. A exigência é grande, mas hoje parece o Inter estar mais próximo de levantar um grande troféu em 2014. Isso não significa que é franco favorito como em anos anteriores (quando fracassou), mas por tudo que se viu e se espera, o Colorado está um passo à frente. Ambos tem completas chances de estar entre os oito do Brasileirão que lutarão pela taça e conseqüente uma vaga na Libertadores, assim como na Copa do Brasil e Sulamericana. A questão vai se dividir na hora de avaliar a coerência de seus treinadores, as contusões/suspensões de seus comandados, eventuais contratações, vendas e o ambiente que se criará tanto de dentro para fora como de fora para dentro do vestiário.
 
Depois de um início de temporada conturbado, R. Moura começa a ganhar a confiança da torcida

Eu acredito que os dois podem margear o G-4 sem esquecer de força máxima nas Copas que seguem em concomitância ao Brasileirão. Devido a dificuldade que se gerou na Copa do Brasil com a inclusão de times da Libertadores, é de se pensar em Sulamericana! Seria uma boa abrir mão do título nacional por uma conquista internacional? O problema é que gigantes como Inter e Grêmio SEMPRE entram para ganhar. Nem pode ser diferente! Perder propositalmente é apequenar a sua história, MAS saber priorizar é outra coisa.
Por tudo isso, por toda esta extensa análise, os dois precisam melhorar para garantir títulos. Do jeito que está o Inter tem uma pequena chance, mas ambos tem completas condições de “brigar ao menos” por uma vaga na Libertadores de 2015.

Pitacos:
 
- De tudo que li e ouvi me chamou a atenção as palavras do presidente Fábio Kopf;
- Após a eliminação do time, ele condicionou o fracasso ao planejamento;
- Blindando o técnico, usou como “explicação” a disputa do Gauchão pela eliminação nas oitavas diante o San Lorenzo;
- A desculpa é velha! Não tem nada de humildade nisso;
- O fato é que o Grêmio fez corretamente o revezamento do grupo durante a fase de classificação do Estadual;
- Mas na fase final deixou de abrir mão do Gauchão;
- Em 2010 o Inter “perdeu” o título em casa para o Grêmio;
- Abriu mão de seus titulares e disputou a segunda decisão com um time misto no Olímpico;
- Venceu o jogo mas perdeu o Campeonato;
- Mais a frente foi Bi-Campeão da Libertadores sem muita pressão por causa da derrota no Estadual;
- O Grêmio acreditou (mesmo desfalcado) que reverteria a vantagem;
- Levando a campo o que tinha de melhor acabou pressionando o elenco;
- A derrota vexatória em Caxias, pra mim, foi o divisor de águas;
- Certa vez disse aqui que revezar está certo, mas quem quer tudo não conquista nada;
- O jogo do Grêmio contra o San Lorenzo estava agendado para quarta-feira imediatamente ao segundo jogo final;
- A partida foi remarcada para uma semana depois;
- Deveria a direção brigar em manter a data e usar essa situação como desculpa para poupar o time;
- O Inter fez o mesmo e não quis arriscar a decisão no Beira-Rio;
- Imaginem o Grêmio levantando a primeira taça do Estádio pós-reformado?
- Todos sabiam que Enderson abriria o time quando precisasse dos gols;
- Assim o fez no intervalo do Gre-Nal, quando sacou Edinho;
- Esta manobra comprometeu todo o projeto de primeiro semestre;
- Culpar o planejamento, senhor presidente, foi um grande erro!
- Não impedir o técnico de colocar os reservas na semifinal do Gauchão e na segunda partida da decisão sim, isso comprometeu bastante.

Saudações Coloradas
 
Imagens: Portais Globo Radio, UOL, Fox Sports, ClicRBS, CBN Foz e Vera News.

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