
Em frente à televisão, talvez ainda morando no hotel em que o Grêmio se concentra, atitude que pode ser encarada como um masoquismo quase santo ou simplesmente a espera para acordar de seu pesadelo de Carnaval, Caio Jr deve ter chorado, ganido e talvez sentido uma pontinha de orgulho da retumbante atuação tricolor no Beira-Rio e da consequente vitória de 2 a 1 que garantiu a equipe nas semifinais do primeiro turno do Gauchão. Também é possível que o final do jogo o tenha feito cuspir certas convicções, já que em dois treinos Roger mostrou-se capaz de fazer o time jogar de uma forma que sob o comando de Caio Jr. parecia impossível.
Pois diante dos olhos de Van der Burgo de Luxerleia, o Grêmio subitamente remontado por Roger – com uma zaga formada por Naldo e Gilberto Silva e uma meia-cancha onde desfilavam Fernando, Leo Gago, Souza e Marco Antônio – encaixotou o Inter num saco por onde nem luz passava ao longo de todo o jogo, com raríssimos lapsos de tempo em que o sufocado HOMÚNCULO vermelho tentava se debater, sendo logo novamente combalido pela sonolência.
Se o grande TRUNFO vermelho supostamente estava em administrar a posse de bola no meio-campo, o treinador instantâneo do Grêmio conseguiu combater justamente este aspecto ao permanecer o máximo possível com a bola nos pés, com toques rápidos e partindo para uma marcação agressiva quando os tricolores perdiam a pelota. O triunvirato composto por Fernando, Leo Gago e Souza promoveu um trabalho magistral, que impediu D’Alessandro e Oscar de fazerem o Inter jogar.
Na frente, Kléber deslocava-se como uma POMBA-GIRA por todos os lados do campo, criando as melhores chances e assumindo uma condição de ator principal que ainda não tínhamos visto neste picoteado roteiro gremista de 2012. O centroavante Marcelo Moreno, apesar de não ter mostrado uma apresentação VISTOSA, fazia um papel secundário importante, saindo da área para receber a bola de costas e poupando parte do trabalho do setor de armação tricolor. Quando o Grêmio já tinha colocado LOS DEMENTES DE DORIVAL completamente no bolso, marcou seu primeiro gol. Após cobraça de bola parada, Muriel usou toda sua descoordenação motora para rebater ao meio da área, nos pés de Gago, que chutou na trave e a bola RICOCHETEOU nas azaradas paletas do arqueiro para atravessar a linha.
O ímpeto gremista diminuiu, mas não por qualquer melhora dos colorados. Impressionou a bagunça generalizada que reinou em todos os setores do time, culminando com o supremo nonsense de Dorival Júnior conseguir levar um incontestável nó tático de alguém que ainda nem é treinador de fato. Para começar, este senhor que frequenta a casamata do Inter não conseguiu sequer posicionar seus dois volantes, que pareciam dois lunáticos hippies correndo de mãos dadas e tentando chegar a Woodstock pela Estrada do Mar. Disso resultou que o Grêmio chutou mais ou menos umas dezenove bolas de dentro da meia-lua da área. Este senhor cujo nome proporcionaria rimas PICANTES também conseguiu deslocar Oscar para todos os QUADRANTES do campo, sempre procurando um lugar onde ele conseguisse render menos.
(Uma das belezas de ser colorado é poder soar velho carregando no lombo apenas cerca de três décadas de vida. Pois saibam que cada torcedor colorado que manifestava sua crença em uma vitória avassaladora no Gre-Nal durante a quarta-feira destruía um pouco meu caráter forjado nos anos 90 – e foram muitos, quase tantos quanto os passes que Élton errou. Porque não é possível que alguém com o mínimo de conhecimento sobre o FABULÁRIO vermelho tenha realmente acreditado que o Inter venceria pelo simples fato de estar em uma fase RAZOÁVEL, enquanto o Grêmio anda numa situação tão calamitosa que aproveita até o RECUO DA BATERIA para subistituir o treinador.)
Também causa espanto que alguém tenha considerado favorito um time que entrou em campo com um goleiro que espalma todas as bolas para o meio da área, um improvisado lateral-direito que teve a pior atuação de um ser vivo calçando chuteiras e Sandro Silva, que passou o jogo inteiro se achando um ZIDANE DE ÉBANO. Mesmo assim, com a desenvoltura de um gambá atropelado por uma VARIANT, o Inter conseguiu empatar, quando Dagoberto aproveitou passe MANCO de Fernando, correu algumas léguas e largou para Damião encobrir Victor.
O que aconteceu no vestiário do Inter nos quinze minutos de intervalo é algo que, segundo EMENDA no regulamento do clube, só poderá ser divulgado daqui a 180 anos. Porque surpreende que o time colorado tenha voltado absolutamente igual, com uma marcação frouxa diante do OUSADO toque de bola gremista, nenhuma articulação e uma insistência inexplicável em jogar apenas pelo lado direito, aquele onde estava Elton, O AIPIM. Aliás, este senhor cujo nome inclui DOR e RIVAL ainda conseguiu azedar ainda mais nosso intragável CABERNET tirando Sandro Silva para colocar João Paulo em vez de sacar o improvisado lateral e deslocar o Sandro “EUSÉBIO” Silva para lá – ou tirar os DOIS de campo, ou jogar um carrinho de mão no gramado para parar o jogo. Qualquer coisa.
O gol do Grêmio era uma questão de tempo, o que nos levava àquele supremo DELÍRIO de querer que acontecesse logo para ver se algum rebuliço sucedia na cancha. Pois foi só Caio Jr sair que o Grêmio começou a mostrar MATIZES de Barcelona, o que mostra que o treinador estava no caminho certo. Com um toque de bola envolvente, o segundo gol saiu após Marco Antônio, talvez um dos mais apagados da AZURRA DE AZEÑA, deixar Kléber à vontade na cara de Muriel, e daí para os barbantes. O mais constrangedor, motivo de demissão ainda durante o jogo, aconteceu nos dez minutos seguintes. Mesmo perdendo, o Inter foi SOTERRADO pelo time de Roger, O NOVIÇO, que criou algumas chances, teve trinta e sete escanteios e merecia ter deixado o placar tão esticado quanto a minha vergonha. O Inter ainda perdeu duas chances, uma com Damião, apenas para que Victor também tivesse sua vitória pessoal, e outra com Oscar, lance que fez arregalar os olhos de todos os advogados do Brasil.
Uma vitória irretocável do Grêmio, que só poderia acontecer em um clássico e diante do turbilhão de pequenas infelicidades que vem reinando na caminhada de uma década dos tricolores. Quanto ao Inter, uma derrota em clássico não é tão perturbadora quanto a atuação absolutamente lamentável, onde aquele senhor, que deveria pagar alguel para ficar no banco de reservas e que conseguiu parar o jogo para ser expulso faltando um minunto para o fim, teve o demérito de ser um dos principais responsáveis. Claro motivo para demissão. Mas nós que torcemos somos amadores. Os profissinais refletem até o momento em que até o cavalo já desistiu da carroça.

