domingo, 12 de junho de 2011

O CAMISA 10, TEM QUE SER DEZ, NOTA DEZ



Talvez com uma forte influência saudosista, tenho a aquela velha opinião formada sobre o que representa o “camisa dez” para um time de futebol na atualidade: tem que ser o craque do time, o maestro que rege e dita o ritmo aos seus companheiros de equipe, enfim o astro principal do espetáculo que sempre tem que estar brilhando, “chamando o jogo para si” e levando seus parceiros para cima dos adversários e, em consequência em busca das vitórias.
Isto tudo, tem que ser talento natural e espontâneo perante o grupo de profissionais envolvidos com a equipe, de forma que não se questione, nem pelos comandantes do grupo e tampouco pelos outros atletas. Tem que ser parte de sua personalidade, assumir essa postura de líder dentro do campo, independente de ser o capitão ou não.
Se alguém lembrar de quantos “dez” verdadeiros já passaram pelo Olímpico e pelo Beira Rio, hoje diríamos que já não se fazem mais “dez” como antigamente!
Nossos atuais camisas dez deixam muito a desejar nem tanto na parte técnica, mas na física e emocional são muito pouco dotados para exercer essa função em equipes com essa estirpe que são a dupla Grenal. Ou brilham por alguns minutos e se apagam durante grande parte dos jogos, ou entram em campo reclamando do juiz, dos adversários, dos bandeiras, da torcida ou qualquer contrariedade que tenham dentro ou fora do campo. Acham-se craques acima do bem e do mal, que estão fazendo um enorme favor à humanidade em entrar em campo junto com os outros jogadores “normais”, para cumprir suas “penosas” jornadas profissionais para serem merecedores de seus “humildes” salários. Acham até que nem precisam correr em campo, talvez nem gostem muito de treinar, pois acham que já sabem fazer tudo o que precisa pra resolver em campo, com seus talentos maravilhosos.
Será que eles nunca se imaginaram pegando ônibus lotado as seis da manhã, cumprindo jornadas diárias de oito horas e ganhando “milão” por mês, como a maioria daqueles que acabam pagando seus salários, indiretamente?
Mesmo tendo a oportunidade que milhares (ou milhões) de pessoas gostariam de ter, de poder seguir uma profissão rendosa que embora curta, se bem administrada reserva um futuro tranqüilo para eles. Isso quando não seguem carreira de treinador ou de empresário de jovens promissores, quando passam a ganhar dinheiro com o talento alheio.
Paulo César Caju, Tita, Bonamigo e Goiano por um lado, Paulo César Carpegiane, Jair e Alex pelo outro, foram os últimos e melhores que me vêm à cabeça no momento quando lembro dos times vencedores do passado, nem tão distante assim. Todos eram legítimos herdeiros da “dinastia da camisa dez”, sem lembrar os que não foram tão afortunados e não ganharam os títulos mais significativos da dupla. Alguns usavam outros números nas camisas, como por exemplo os atuais treinadores, mas exerciam com autoridade as funções de “dez” dentro do campo.
E agora, quais são os candidatos? Douglas e D’Alessandro?
Eles jogam realmente tudo que acham que jogam? Ou tem algumas qualidades a desenvolver para serem verdadeiros merecedores da camisa mais pesada de qualquer equipe, depois que aquele “negrinho” arisco apareceu com a camisa dez do Santos e da Seleção Brasileira no final da década de 50.